segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Ou isto ou aquilo?

É, às vezes me faltam palavras, e essa falta não é uma falta comum. Faltam-me palavras por excesso de sentimentos, de pensamentos, de conflitos. Tudo isso se transforma em um turbilhão que me retira o entendimento, a capacidade de racionalizar em palavras o que sinto. Racionalizar talvez seja querer demais, pois quem escreve nada tem de racional, nada pode querer ter de racional, porque a razão quase sempre é desprovida de explicações para quem quer entender a vida. Mas agora eu preciso de um sentimento minimamente racional, talvez ele me ajuda a pôr em ordem aquilo que se conflita dentro de mim. São misturas de amor, ódio, desesperança, decepção, uma vontade enorme de gritar e outra talvez maior, de simplesmente calar e ignorar o mundo, lucidez e desespero, sonho e pouca disposição em realizá-lo...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Crônica do Amor

"Por que você ama quem você ama? Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário as honestas, simpáticas e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, você adora implicar com ela e ela adora brigar com você. Isso tem nome. Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor.É bonito. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém. Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor? Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu inteligente + você linda = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito do amor da sua vida!"

Arnaldo Jabor

Tudo que eu quero.

Porque quando a gente menos espera alguém já invadiu nossa vida, encheu nosso coração, não deixando espaço para mais ninguém, e é nessa pessoa que a gente pensa todos os dias ao acordar e antes de dormir, é o sorriso dela que a gente quer ver, é na alegria dela que a gente pensa. Esse alguém surgiu do nada, como num passe de mágicas e como numa mágica, a vida se encheu de cor.
E por esse alguém a gente chora, sofre, se angustia, se enraivece, pensando nele a gente trinca os dentes de raiva e fecha os olhos de saudade. E às vezes, ele faz o coração bater tão forte que a gente teme que ele saia pela boca ou que pare de tão cansado. E por esse alguém a gente espera, a gente vive, a gente sofre. Por ele, a gente tem a sensação de que tudo valeria à pena, até as lágrimas mais doloridas da vida.
E então, se torna impossível dizer um não, se torna impossível não sorrir junto, se torna impossível desejar mais alguém, se torna impossível não desejar abraçá-lo, se torna impossível esquecer.
E a gente passa a desejar o sorriso dele todos os segundos do dia, a querer o abraço como se nele houvesse vida.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Só sentir

E a verdade que se extrai de minhas entranhas é que eu realmente nunca imaginei que isso existisse de fato.
Nunca pensei que existisse algo tão forte, tão incontrolável.
Sentimento que me aperta o peito, embarga a voz e muda meu humor como num passe de mágicas.
E eu fico aqui, louca, querendo gritar, ou querendo ao menos só falar baixinho.
Mas nada sai.
Só sei sentir. Queria controlar, queria te expulsar, queria esquecer, mas só sei sentir.
E sentir, às vezes dói. Às vezes sufoca, entala, paralisa, estristece, rouba o ânimo. Sentir às vezes queima, arde, fere.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Make You Feel My Love

When the rain
Is blowing in your face
And the whole world
Is on your case
I could offer you
A warm embrace
To make you feel my love

When the evening shadows
And the stars appear
And there is no one there
To dry your tears
I could hold you
For a million years
To make you feel my love

I know you
Haven't made
Your mind up yet
But I would never
Do you wrong
I've known it
From the moment
That we met
No doubt in my mind
Where you belong

I'd go hungry
I'd go black and blue
I'd go crawling
Down the avenue
No, there's nothing
That I wouldn't do
To make you feel my love

The storms are raging
On the rolling sea
And on the highway of regret
Though winds of change
Are throwing wild and free
You ain't seen nothing
Like me yet

I could make you happy
Make your dreams come true
Nothing that I wouldn't do
Go to the ends
Of the Earth for you
To make you feel my love

Fazer Você Sentir Meu Amor

Quando a chuva
Está soprando no seu rosto
E o mundo todo
Depender de você
Eu poderia te oferecer
Um abraço caloroso
Para fazer você sentir o meu amor

Quando as sombras da noite
E as estrelas aparecerem
E não houver ninguém lá
Para secar suas lágrimas
Eu poderia segurar você
Por um milhão de anos
Para fazer você sentir o meu amor

Eu sei que você
Não se
Decidiu ainda
Mas eu nunca
Te faria nada de errado
Eu já sei que
Desde o momento
Que nos conhecemos
Não há dúvida na minha mente
De aonde você pertence

Eu passaria fome
Eu ficaria triste e deprimida
Eu iria me arrastando
Avenida a baixo
Não, não há nada
Que eu não faria
Para fazer você sentir o meu amor

As tempestades estão violentas
Sobre o mar revolto
E sobre o caminho do arrependimento
Embora ventos de mudança
Estejam trazendo entusiasmo e liberdade
Você ainda não viu nada
Como eu

Eu poderia fazer você feliz
Fazer os seus sonhos se tornarem reais
Nada que eu não faria
Vou ao fim
Da Terra por você
Para fazer você sentir o meu amor

domingo, 17 de julho de 2011

Contrariada!

E pra dizer q verdade, isso tudo me estremece de medo. Sentir o que sinto, apesar das inúmeras tentativas de não sentir; pensar o quanto pendo; desejar como desejo; sonhar tanto assim... tudo isso me apavora de vez em quando.
Nunca cri muito nisso tudo, nunca pensei...
E vez por outra, tudo ainda toma dimensões irremediáveis. Contraria meu bom senso, contraria quem eu sempre imaginei ser, contraria o meu discurso polido e clássico, contraria minhas inúteis remadas, minhas tentativas.
Mas o que é o coração senão, o especialista em contrariar?

domingo, 12 de junho de 2011

Desabafo!

Um dia Tu me falaste, me prometeste, me fizeste sonhar e querer realizar.
Eu deixei que me levasses, que me envolvesses, que me moldasses.
Tanto tempo já passou e eu cheguei aqui.
Muita coisa aconteceu. E mesmo nem sempre entendendo, sei que é aqui o meu lugar.
Era aqui que Tu me querias, nesse tempo, desde o início.
Há ainda tanta coisa pra acontecer, tantas promessas a se cumprirem. Eu sei que ainda estás comigo, que ainda se importas.
Mas, pra ser sincera, não pensei que seria tão difícil.
Não imaginei que envolveria tantas lágrimas, tanta dor.
Como poderia imaginar que seria traídas pelos que me declaravam tamanha amizade?
Como poderia acreditar que seria abandonada em meio ao cansaço?
Eu não pensei que seria tão doloroso.
Não imaginei que seriam tantas as barreiras a vencer.
Senhor, pra ser completamente sincera, algumas vezes cheguei a pensar que Tu mandarias as bençãos como a água que cai na chuva, e faz as plantas brotarem.
Eu pensei que seria mais fácil.
Ah Paizinho, mas eu não vim até aqui pra desistir agora. Eu não vou desistir de sonhar, de vencer, de viver o que Tu me prometeste. Não vou desistir dos Teus planos pra mim.
Sei que Tu não desistes de mim, como poderia eu desistir?
Tu sabes exatamente como estou, tu sabes onde dói e até onde posso suportar.
Estou aqui e não vou parar.
Sê comigo, pois contigo eu posso todas as coisas.

As tardes de sexta.

Esses dias passei em frente a uma escola à tardinha, era sexta-feira. Os alunos íam saíndo e de certa forma fui carregada para memórias antigas, do tempo em que eu podia ser um daqueles alunos. Lembrei-me da expectativa reinante durante toda a tarde de sexta, expectativa pelo sinal, pelo fim das aulas. Era como que o ápice da minha semana.
Senti reavivada em mim aquela sensação gostosa de dever cumprido, de que agora a obrigação tinha sido feita, eu agora podia fazer, simplesmente o que quisesse.
Foi como voltar todos esses anos e me encontrar de novo no portão da escola, depois de uma semana de aulas e trabalhos e sentir o frescor da liberdade. Como se uma leve brisa soprasse meu rosto e me lembrasse que eu estava livre. A brisa era o sinal de que agora o peso podia ser guardado um pouco, minhas costas tão pouco sofrida pelos simples fardos da infância podiam relaxar completamente.
Aquela brisa era, simplesmente, um sinal de liberdade. Liberdade essa que eu anseio até hoje. Liberdade de poder sair andando sem rumo, de poder falar e ninguém me mandar calar, liberdade de brincar, correr, ir pra casa e me deitar no sofá pra assistir desenho, liberdade pra tomar banho de bica, de ir pra casa de vó, de tia, dos amigos... Liberdade de experimentar, de flanar, de viver.
Ah como a vida era simples.

Divã.

Já estava com saudades disso aqui. Saudades do meu divã. Saudades da catarse, de colocar pra fora, de externar o que não me cabe no peito. E ultimamente, há tanto me prendendo o ar, tanta coisa me sufocando a voz. E aquilo que consigo dizer, normalmente sai em um esforço sobrehumano, misturado a um medo de dizer demais, de piorar tudo.
Sinto falta desse meu espaço, desse meu mundo, onde posso dizer o que sinto, expressar quem sou, me revelar em minhas mais elaboradas parábolas.
Essa sou eu, um alguém que precisa gritar e que às vezes impedida, socorre-se às palavras escritas como que arrancadas de dentro da alma, suspiradas como um último suspiro, saídas das vísceras.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Refletindo sobre os dissabores...

Quando a gente se dispõe a amar, (seja lá quem ou o que for) a gente se dispõe também a sofrer, a odiar, a arrepender-se.
Talvez fosse bem mais fácil, simplesmente não sentir, não se deixar envolver. Mas isso, para pessoas normais, com um coração e sentimentos não é tão fácil.
Junto com um coração disposto a sentir quase sempre vem uma enxurrada de medos, ansiedades e arrependimentos. Quem abre o coração para amar algo além do seu próprio umbigo está se dispondo à não ser amada, a ser traído, decepcionado, abandonado.
Seria muito fácil poder controlar sentimentos e suas reações. Seria fácil controlar o sentir, o viver. Mas nunca será fácil ordenar ao coração um amor, um amigo, um desejo, ou o contrário de todos eles. O coração ama sem pedir credenciais e desama sem esperar explicações.
Assim é a vida. Seria fácil vivê-la sem se expor a sentimentos e seus sabores e dissabores. Mas fácil não quer dizer bom, nem difícil ruim.
É difícil encarar decepções, traições, etc., mas essas coisas não fazem da vida algo ruim. Fazem dela algo que vale a pena.
Viver nem sempre é fácil, mas quando se descobre o real sentido da vida, pode-se ultrapassar qualquer barreira, simplesmente pelo fato de querer viver.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Desacumulando.

Eu sempre tive a infeliz mania de acumular coisas velhas, talvez inúteis, mas que nunca pude me livrar delas, pois na minha cabeça sempre vem o questionamento: "e se um dia eu precisar?". Minhas gavetas são cheias de papéis velhos, armários lotados de roupas velhas, produtos que não uso e apostilas antigas. Meu computador está lotado de arquivos sem nenhuma utilidade, são músicas, textos, vídeos que talvez nunca mais volte a ver, mas eles estão lá. Me é quase impossível excluí-los.
Com o tempo percebi que não são só coisas velhas que acumulo. Gosto de guardar sentimentos e pessoas. Vivo remoendo as lembranças, as histórias, as dores e as alegrias. Tenho medo de perder pessoas, de esquecer sentimentos.
Falta-me coragem para excluir sentimentos que por vezes me fazem mal, mas como uma droga, proporcionam certos momentos de prazer. Falta-me coragem pra dizer que cansei da superlotação e dar, definitivamente, um jeito nessa situação.
Preciso de uma faxina, no quarto, no computador, mas a maior de todas tem que ser no coração, na mente, na alma. Preciso me livrar de tudo que me atrasa, me prende, me dói, me aprisiona.
Deus, dai-me coragem pra seguir em frente, pra deixar de olhar pra trás, pra abrir meu coração pra novidades, pra olhar pro futuro. Pai me ajuda a não temer o novo, o desafio, a desafiar a mesmice e seguir em frente, mesmo a par de tudo que estarei excluindo da minha vida. Ajuda-me a viver sem aquilo que me faz bem, com doses exorbitantes de sofrimento.

Minhas Saudades

Estou mergulhada em saudades. Saudades de amigos distantes, saudades de tempos passados, saudades de sentimentos antigos.
Estou com saudades dos velhos tempos, daqueles que lembrados, sempre rendem um suspiro e a frase "eu era feliz e não sabia".
Sinto saudades de quando as coisas eram mais simples, mais sinceras, mais verdadeiras. Saudades do tempo em que confiava nas pessoas, em que não perdia o sono de tristeza ou preocupação.
Saudades do tempo em que os quilos a mais não incomodavam, em que os amigos falsos não machucavam. Saudades do tempo em que não tinha problemas a resolver, em que não me consumia de ansiedade.
Saudades da esperança (nas pessoas) que eu perdi nas mágoas que me impetraram.
Saudades do quintal, da bica, da bicicleta, dos brinquedos.
Saudades das risadas, das besteiras, dos abraços, das discussões bobas.
Saudades de você, de mim, do meu mundo e da simplicidade dele.
Enfim, sou Saudade!

domingo, 22 de maio de 2011

Meu medo!

Talvez eu seja só mais alguém que tem uma infinidade de conselhos a dar e nenhuma coragem para aplicá-los a si próprio.
Talvez eu seja só alguém que demonstre uma estabilidade irretocável, mas que por dentro não sabe nada sobre si mesma.
Um alguém que finge coragem, mas que nunca aprendeu a tê-la de verdade.
Alguém com aparência e discurso fortes, determinados, mas que arria-se de joelhos, vencida diante do medo.
Talvez eu seja somente alguém que só sabe admirar, sonhar, desejar, mas que não sabe nada sobre lutar.
Alguém que tem o mundo ao seu alcance, mas que se encolhe de medo e por isso nem chega a tocar nele.
Talvez eu seja só mais uma menina que finge superioridade, fortaleza, mas que por dentro se quebra em pedacinhos. Sofre a perda calada por temer incomodar com seu grito de desespero.
Talvez eu seja o que sempre tive medo de ser, talvez eu não seja por temer ser, talvez eu só seja por temer ser, talvez eu nunca seja o que temi ser.
Talvez eu seja aparência, talvez eu seja desespero, talvez eu seja medo.
Talvez eu seja somente mais uma que todos admiram, mas que não se admira por se conhecer melhor que ninguém.
Mas, certamente, agora eu sou só alguém que se arrepia com um frio súbito na espinha, um temor que embarga a voz, alguém a temer o medo com todo o pavor possível.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Não pare de remar!

Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.
Caio Fernando de Abreu

My way - Meu Jeito (Frank Sinatra)

E agora o fim está próximo
Então eu encaro o desafio final
Meu amigo, Eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza

Eu vivi uma vida que foi cheia
Eu viajei por cada e todas as rodovias
E mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Arrependimetos, eu tive alguns
Mas então, de novo, tão poucos para mencionar
Eu fiz, o que eu tinha que fazer
E eu vi tudo, sem exceção

Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
Oh, mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Sim, teve horas, que eu tinha certeza
Quando eu mordi mais que eu podia mastigar
Mas, entretanto, quando havia dúvidas
Eu engolia e cuspia fora

Eu encarei tudo e continuei de pé
E fiz do meu jeito

Eu amei, eu ri e chorei
Tive minhas falhas, minha parte de derrotas
E agora como as lágrimas descem
Eu acho tudo tão divertido

Em pensar que eu fiz tudo
E talvez eu diga, não de uma maneira tímida
Oh não, não, não eu
Eu fiz do meu jeito

E pra que serve um homem, o que ele tem ?
Se não ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de alguém que se ajoelha

Os registros mostram, eu recebi as pancadas
E fiz do meu jeito.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O que importa...

Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem não aposta. Como quem brinca somente.Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Sonha que é de graça.Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Sonhos, se realizam, ou não.Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só.

[Menina Flor, Boabagens da Alma]

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Como?

Como faz para apagar memórias, sentimentos e sensações?
Músicas inteiras em minha cabeça.
Gestos, impressões, admiração?
Olhares, sorrisos, palavras?
Eu preciso esquecer tudo. Não queria que fosse necessário,
queria poder lembrar e sorrir sempre que lembrasse.
Mas essas lembranças só dóem.
É dor que desatina sem doer,
Contentamento descontente.
Sufoca como se me tivessem tirado o ar e me sobe um desespero.
Uma agonia!

domingo, 24 de abril de 2011

Flutuar.


Eu desisto de fugir,
Mas também desisto de correr atrás.
Não desisto de você,
Mas desisto dessa “eu” que não sabe te ter por perto.
Nunca soube fugir, ou talvez simplesmente não consiga.
Talvez essa onda seja mais forte que eu.
Pode ser que ela seja forte demais, ou eu que não sei nada sobre o mar.
Talvez eu não saiba nadar,
Ou talvez o mar hoje esteja especialmente turbulento.
Talvez seja eu, talvez seja o mar, talvez sejam os dois.
Eu quero aprender a flutuar, me deixar levar.
Deixar que o mar me leve, não vou nadar contra a correnteza e também não quero afundar.
Só quero continuar viva, respirando.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Impaciente!


Apesar de minha aparência calada e serena, sempre me defini como impaciente. E sou. Absurdamente impaciente. De uma impaciência estressada, ranzinza, atordoada e extremamente agoniante. Mas a vida tem me colocado diante de dias que me obrigam à paciência. Há dias que me sinto sufocada por necessitar dela para continuar vivendo.
Sou, por vezes, obrigada a ser paciente. Deu uma paciência silente e duradoura. Torturante.
Percebi um efeito dessa tortura: torno-me bem mais impaciente nas coisas que suportam minha impaciência.
Crescem-me as manias: quero porque quero e não vou suportar não poder querer ou conseguir.
As pessoas me irritam em qualquer de seus simples detalhes. Isolo-me por faltar paciência para as conversas longas.
Não consigo estudar. Não suporto barulho. E qualquer coisa que me incomoda normalmente, passa a me incomodar muito.
Só me resta minha cama, papel e caneta.

Ficou pra trás?

Onde está aquele sentimento sufocante?
Onde ficou todo aquele amor?
Cadê o brilho dos olhos, o sorriso do rosto, o palpitar do coração?
Onde ficou toda aquela certeza?
Talvez tu os tenha afugentado quando desviou o teu olhar.
Talvez eu os tenha afugentado quando as primeiras lágrimas caíram.
Será que tudo foi mentira?
Estupidez de uma menina que nunca soube o que é amor?
Imaginação?
Não sei responder, só sei que tudo aqui está tão frio...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Inútil!

Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo. Gênero não me pega mais. Além do mais, a vida é curta demais para eu ler todo o grosso dicionário a fim de por acaso descobrir a palavra salvadora. Entender é sempre limitado. As coisas não precisam mais fazer sentido. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Porque no fundo a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro.
Clarice Lispector

Como eu queria estar lá...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Quanto mais eu falo, mais me torno incompreensível.
Mais tu me desconheces.
Menos eu me explico.
Mais eu me entendo.

sábado, 16 de abril de 2011

Parei de pensar em você. Sobrou-me mais tempo para mim mesma.
Esquecendo você, lembrei de mim.

Caminhos




Qual será a maneira certa de viver?
Talvez eu devesse esquecer quem eu sou de verdade.
Deveria esquecer donde eu queria estar agora, das coisas que queria fazer.
Deveria esquecer dos meus sonhos, dos planos.
Será que pra tudo fazer sentido eu terei de esquecer quem eu queria ser quando crescesse?
Tem sido tão difícil confrontar meu querer com a realidade nua e crua.
Os dias se passam e eu ainda estou presa nessa areia movediça, me debatendo e parece que afundo mais.
Na verdade eu não sei onde queria estar, mas sei que não era aqui.
Talvez eu devesse me acalmar, arranjar um cantinho cômodo e ver a vida passar como um lindo desfile pela janela.
Talvez eu devesse esquecer de tudo que não posso ter.
Mas pra esquecer tudo isso eu precisaria esquecer de mim mesma.
Precisaria me arrancar de mim.

Saudade II

Eu sou saudade.
Saudade de mim, do que fui, do que quis ser
Dos sonhos que perdi, dos sonhos que vivi, dos que abandonei, dos que ainda não chegaram.
Saudade de você, do que fui com você, do que fui pra você, do que senti por você.
Saudade dos meus amigos, das nossas bobagens, daqueles tempos...
Saudade da simplicidade de antigamente, dos desejos inocentes, dos problemas tão pouco complicados do passado, dos sonhos bobos, possíveis ou impossíveis, das ideologias loucas.
Saudade de ser mimada, saudade de colo, de presente.
Saudade do mar, do vento no meu rosto, daquela vontade de gritar felicidade.
Saudade de liberdade, da sensação de poder tudo, de poder ser tudo o que quiser.
Tenho saudade de tudo. Principalmente de mim.

Pra fugir.



Ah quem me dera poder fugir.
Quem me dera a liberdade de uma vida que me faça sentido.
Só a mim, não precisa fazer a mais ninguém.
Quero fugir dessa mesmice, dessa desilusão.
Quero inventar minha realidade, algo que mais pareça sonho,
Que mais pareça vontade, que seja verdade.
Quero um mundo meu, que fala sentido.
Onde eu não precise tentar explicar,
Onde eu não precise tentar gostar ou lutar por me adaptar.
Onde eu possa ser eu e simplesmente goste de estar lá.
Ah, quanta saudade do meu mundo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Grito!

Ah que vontade de gritar.
Gritar, gritar, gritar.
Gritar porque não sei explicar.
Porque não posso cantar.
Eu quero gritar e que o mundo ouça meu grito.
Quero no meu grito expulsar essa estranheza de dentro de mim,
Quero expulsar essas perguntas, essa dor.
Porque não sei me entender, eu grito.
Porque não sei te convencer, eu grito.
Porque eu não posso falar, então só me deixe gritar.
Porque me faço livre, por isso eu grito.

Timaretha de Oliveira, 11 de Abril de 2011.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Saudade!

Olhando fotos, lembrando momentos
Sinto que tanta coisa mudou,
Parece que eu estou mais só,
Tanta gente me deixou,
Tanta gente que me faz falta.
Gente que me ajudou, me alegrou,
Gente amiga, gente irmã.
Milhas e milhas nos separam,
Mas meu coração está perto deles,
Eles levaram um pouco de mim,
Deixaram um tanto deles.
Mas mesmo assim me fazem falta.
Saudades...
Dor que desatina sem doer,
Força que nos arranca lágrimas,
Lembranças de uma época que não volta mais.
Momentos que ficaram somente na memória
Pessoas que fizeram minha história,
E hoje fazem falta, deixaram um vazio.
Ah meus amigos...
Nunca vos vou esquecer.
Prometo não relegar ao passado tudo que vivemos.
Prometo nunca permitir que essa dor se vá,
Dor que me sufoca quando olho nossas fotos.
Dor que me leva ao passado,
Que me leva para onde estás agora.
Sentimento que me faz desejar ter asas,
Ou um avião.
E poder voar agora mesmo ao teu encontro.
Para poder te abraçar,
Ouvir tua voz de novo.
Ouvir as mais bobas das tuas piadas,
Ter a mais idiota conversa,
Chorar no teu ombro,
Dar-te meu ombro pra chorar,
Ouvir tuas histórias sem fim,
Tendo dentro do meu coração uma certeza:
Que sem fim é meu amor por você.

Presunção!

Porque presumes saber de mim, tudo o quem nem mesmo eu sei?
Porque achas que pode entender-me por completo quando nem eu mesma me entendo?
Porque achas que podes julgar-me por pensamentos que só Deus conhece?
Revolta-me tal pretensão. Revolto-me por ser julgada sem direito de defesa e por simples achismos.
E daí, que sou assim? Se ajo assim?
Isso tudo que julgas com a pretensão de juiz do mundo sou só eu tentando viver, tentando me encontrar.
Confesso que não sei onde estou, ou até onde vou. Só sei que estou indo, continuando.
Sei que nunca poderei agradar-te completamente. Não nasci para isso.
Nasci pra viver o que Deus sonhou pra mim.
E isso, desculpem-me meus pretensos juízes, eu estou tentando fazer!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

TIROS EM REALENGO.

Desde as primeiras notícias sobre o massacre realizado na escola do Rio de Janeiro eu não pude deixar de lembrar do documentário "Tiros em Columbine". Pensei: "meu Deus, aquela loucura americana está acontecendo aqui."
Realmente foram notícias que chocaram todo o país e, é claro, o exterior também. Foi praticamente o único tema dos jornais ou das conversas informais.
Agora eu fico pensando naquelas crianças, talvez sem entender nada, tendo que lutar pelas suas vidas, tornando-se heróis obrigatoriamente e cedo demais. Um correu ferido e ensangüentado para avisar ao policial; outros corriam para tentar viver; uma menina se pôs em frente ao atirador e levou um tiro que seria para sua amiga; meninos e meninas que enfrentaram o medo, o desespero, a dor de ver alguém querido morrer na sua frente...
Parabéns crianças de Realengo, vocês são meus exemplos.
Eu, como vocês, só queria que o mundo fosse mais humano, se importasse mais, amasse mais! Só isso!
Fica meu luto pelo que vocês e suas famílias sofreram, estão sofrendo e irão sofrer. Que Deus seja com todos!

Clarice e eu!

Clarice Lispector escreveu certa vez: "Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal."
No instante em que li isso pela primeira vez eu percebi que é justamente isso que me faz escrever, é o desafio de expressar o que sinto ou penso e que isso faça sentido pra alguém.

Esse pequeno texto é uma resposta ao comentário feito pela querida Suzana Furtado na postagem "Irrevogável". Dedico esse trecho de Clarice a nós que tentamos pôr em palavras sentimentos tão profundos e por vezes inexplicáveis.

terça-feira, 5 de abril de 2011

África!




Nunca fui de escrever aqui críticas a fulano ou beltrano. Mas hoje para elogiar alguém terei de criticar um outro alguém.
Nesses dias o Pr. Marco Feliciano postou em seu twitter a mensagem mostrada acima, dizendo que "africanos descendem de um ancestral amaldiçoado". Eu realmente não consigo entender o que certos pastores têm na cabeça para escreverem, falarem ou fazerem certas coisas. Com todo o meu respeito aos pastores em geral, não posso comungar com um que diz tal asneira, outro que queima o Alcorão publicamente provocando mortes do mundo árabe, etc. Não entendo!

Se tivesse um minuto com o Pr. Marco eu gostaria de perguntar-lhe porque então, depois de constatada tanta maldição, ele não vai distribuir todas as bençãos de que goza na África. Tenho a impressão de que ele não sabe quantos africanos nesse exato momento estão adorando a Deus e a Cristo. De que no Céu estarão milhões de africanos, abençoados pela salvação em Cristo. Acho que ele nunca parou pra meditar em como é ser africano, passar por tantas privações, dores, doenças, pobreza e ainda assim ir todos os dias à uma igrejinha pequena sem ar-condicionado, ou cadeiras confortáveis pra simplesmente ADORAR A DEUS!

Disse no começo desse texto que tinha alguém a elogiar, alguém muito diferente do Pr. Marco: o pastor e missionário Daniel Nogueira. Esse jovem já esteve pregando na minha igreja e em outras igrejas da região e sinceramente, nunca vi ninguém pregar como ele, com amor, sinceridade, simplicidade, cheio do Espírito Santo e de graça. Ele poderia facilmente pregar em qualquer grande congresso de "avivamento", mas preferiu ir pra África, abençoar ainda mais aquele povo, atendendo o chamado de Deus para sua vida. Mostrando que Avivamento é vida, é renúncia.

Perdoem-me se feri alguém, mas de vez em quando meus dedos tornam-se mais revoltados que eu própria.
Que Deus abençõe a ÁFRICA!

Irrevogável

Tanto tempo passou e só agora me dei conta de tudo que deixei pra trás.
Ah Pai, esqueci nosso concerto. Esqueci o teu chamado. Esqueci do meu propósito!
Ah meu Deus, foi necessária tanta dor, tanta perda pra eu perceber que o mais importante eu nunca perderei.
Foi necessário elevar a visão pra entender que Teus planos são superiores, que Tua visão vai além.
Ah Senhor, sei que errei, quis abrir mão do que era irrevogável.

Hoje entendo que tuas promessas são irrevogáveis,
O teu chamado é irrevogável
A história que me escreveste é irrevogável.

Ah Senhor perdoa eu me afastei, como o filho pródigo eu quis experimentar outra realidade.
Mas estou aqui, caí em mim. Minha vida só tem sentido dentro da tua vontade.
Ah Senhor, não desista de mim. Não podes revogar teu sonho pra mim.
Afinal, ele ainda vive aqui. Ele arde em mim
Essas lágrimas que agora caem são sinal de que o sonho nunca morreu.
Ele ainda está aqui Senhor, me atraindo a Ti, me levando aos teus pés.

No teu altar eu quero te pedir:
Perdoa-me, levanta-me, Oh Senhor.
Renova os Teus sonhos em mim.

Cedro/Ceará. Quarta-feira, 06 de Abril de 2011.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cecília Meireles - Canção do Amor Perfeito.

O tempo seca a beleza.
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.

O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.

O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.

Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.



Cecília Meireles (Poetisa brasileira, 1901-1964)

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Florbela Espanca

Em ti o meu olhar fez-se alvorada,
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho,
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura do linho

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

MEU MUNDO

Sinto-me uma estranha nesse meu mundo em que nada me pertence.
Não consigo identificar nada como sendo meu, nada me é próprio.
Essas pessoas passam por mim e nada deixam, nada levam...
Apenas passam.
São estranhas, diferentes.
Essa não é minha casa, esse não é meu sonho, esse não é meu lugar.
Eu deveria estar longe,
Voando nas asas do vento ou talvez indo contra o vento.
Não importa para onde, contanto que esteja no meu mundo.
Na verdade, andei buscando o que não deveria buscar.
Luto pelo que não desejo.
Sonho só por sonhar... para não perder a prática.
Vivo uma vida que não é minha.
Esse, definitivamente não é meu mundo.
Eu tenho várias classes de sonhos:
Tenho sonhos deste mundo sem graça,
Mas o que sonho mesmo são os sonhos dos meus sonhos.
O excrucitante é ver-me presa neste mundo, neste sonho mal sonhado.
Quero fugir, quero alguém que me rapte.
Quero só uma oportunidade de escapar daqui.
Quero encontrar meu mundo, minha realidade.
Cansei de destinos anteriormente traçados.
Quero me perder, esse é o meu caminho.
Quero ir aonde nunca fui, quero ir aonde nem saberei onde estou.
Quero flanar por este mundo, quero sentir o vento em meu rosto.
Quero sentir, tocar, cantar, chorar, amar, sofrer,
Quero o queijo, quero a fome.
Quero liberdade, quero alguém que me aprisione.
Quero rir e chorar ao mesmo tempo.
Quero tudo e quero nada.
Quero bem mais que liberdade.
Quero me perder para me encontrar.
Quero encontrar meu mundo, meu lugar.

Timaretha de Oliveira
Cedro, Ceará. 21/09/2010, ÀS 00:32H

Instável!

Definitivamente, a vida de gente grande não é fácil. A gente passa infância e adolescência inteiras torcendo para que chegue a vida adulta, mas quando chegamos aqui desejamos ardentemente poder ter a simplicidade da infância, tudo é tão mais fácil, os maiores problemas são as notas da escola ou os colegas insuportáveis.
Hoje, mesmo não sendo tão adulta assim eu sinto a cada dia a seriedade da vida, a dureza de dias que perderam as brincadeiras, os banhos no quintal, os domingos na casa dos avôs, os passeios da escola, e tantas outras coisas que um dia tornaram a vida mais leve.
A mesmice de dias que outrora tão indesejada, hoje, às vezes se torna necessária. Quando acontecimentos sérios demais chegam a tomar a leveza, a normalidade, a levar a paz e a sensação de estabilidade, eu queria poder me esconder na simplicidade da infância. Talvez essa seja a palavra: estabilidade. Isso é o que se perde totalmente na adolescência. Até então tudo parece ser eterno: o carinho dos pais, os “velhos”, mas não tão velhos amigos de infância, o se dar bem na escola, a simplicidade das escolhas, etc. O chão é bem mais firme.
Hoje parece que tudo está bem mais propenso a mudar de uma hora pra outra, o seu mundo pode ruir a qualquer instante. De uma hora para outra você já não tem um grande amigo, ele se foi, mesmo que o telefone dele continue no seu celular, você nunca mais poderá escutar sua voz.
Quando você cresce, invés de estudar matemática, português, história e tal, você tem que escolher uma coisa só, e o pior, terá agüentar a inveja e o arrependimento de ver gente que está onde você queria estar, mas você não chegou lá, talvez por escolher errado, talvez por incompetência (pra você, porque na verdade, todo mundo sabe que aquilo é coisa pra “gênio”).
Depois que a gente cresce, os amores duram mais, às vezes podem ser intermináveis, imortais (só eles são imortais, a gente morre por causa deles). A memória, para os amores, fica indestrutível. E o mais interessante: sempre aparece alguém que todo mundo (e até seu bom senso) diz que “seria perfeito”, mas (ah na vida adulta, tem sempre um mais) ele não é como o seu amor.
Dizem que crianças são medrosas, mas sinceramente, eu preferia meu medo da loira do banheiro, ao medo idiota que tenho hoje de nunca conseguir ser amada por ele. Adultos, sim são medrosos, medo do desemprego, medo de não passar no vestibular ou no concurso, medo de não amar, medo de amar demais, medo de não ser amado, medo de ter filho, medo de não ter filho, medo de adoecer...
Tudo isso, sem falar nas cobranças, na verdade, ninguém nunca está satisfeito com você, não importa o que você faça, sempre vai haver alguém pra te reprovar. Todo mundo sempre te cobra entrar numa boa faculdade, quando você entra o curso é fraco, os salários são baixos, a faculdade é particular (todo mundo passa, não tem nome) ou é pública (desorganizada, nunca tem aula). Na verdade, você tem que descobrir bem cedo quem você é, o que você quer e o quanto quer, aí fica mais fácil de enfrentar o mundo, mas a má notícia é que isso é tão complicado às vezes.
É engraçado como até a adolescência, a gente tem a impressão que tudo é pra sempre, parece que nossos amigos estarão ali eternamente, brigas mesmo recorrentes são tão contornáveis. Mas quanto mais o tempo passa mais difícil fica conservar amigos: são mais sapos a engolir; cabeças bagunçadas (muitas vezes até mais que a sua) pra tentar entender; defeitos que você tem que perdoar; ações que te entristecem, mas você tem que saber que aquilo talvez não tenha significado nada pra ele ou ela; amizade que vira paixão; paixão que virá só amizade; e o pior, parece que todo dia tem alguém dizendo “adeus”. Todo ano alguém entra na faculdade e, é claro, longe daqui; de vez em quando alguém arruma um emprego na “baixa funda”; algumas amizades simplesmente se perdem no tempo,e você tem que, simplesmente, se conformar, aquela pessoa presente em todas as suas fotos antigas, agora nem fala contigo quando te vê pelas ruas; outras presente em tuas festas e fotos nem tão antigas assim agora nem tem mais teu telefone; pessoas que um dia você pensou que morreria se não pudesse falar com ela pelo menos uma vez na semana, agora você passa de mês sem ver e mal percebe.