domingo, 12 de junho de 2011

Desabafo!

Um dia Tu me falaste, me prometeste, me fizeste sonhar e querer realizar.
Eu deixei que me levasses, que me envolvesses, que me moldasses.
Tanto tempo já passou e eu cheguei aqui.
Muita coisa aconteceu. E mesmo nem sempre entendendo, sei que é aqui o meu lugar.
Era aqui que Tu me querias, nesse tempo, desde o início.
Há ainda tanta coisa pra acontecer, tantas promessas a se cumprirem. Eu sei que ainda estás comigo, que ainda se importas.
Mas, pra ser sincera, não pensei que seria tão difícil.
Não imaginei que envolveria tantas lágrimas, tanta dor.
Como poderia imaginar que seria traídas pelos que me declaravam tamanha amizade?
Como poderia acreditar que seria abandonada em meio ao cansaço?
Eu não pensei que seria tão doloroso.
Não imaginei que seriam tantas as barreiras a vencer.
Senhor, pra ser completamente sincera, algumas vezes cheguei a pensar que Tu mandarias as bençãos como a água que cai na chuva, e faz as plantas brotarem.
Eu pensei que seria mais fácil.
Ah Paizinho, mas eu não vim até aqui pra desistir agora. Eu não vou desistir de sonhar, de vencer, de viver o que Tu me prometeste. Não vou desistir dos Teus planos pra mim.
Sei que Tu não desistes de mim, como poderia eu desistir?
Tu sabes exatamente como estou, tu sabes onde dói e até onde posso suportar.
Estou aqui e não vou parar.
Sê comigo, pois contigo eu posso todas as coisas.

As tardes de sexta.

Esses dias passei em frente a uma escola à tardinha, era sexta-feira. Os alunos íam saíndo e de certa forma fui carregada para memórias antigas, do tempo em que eu podia ser um daqueles alunos. Lembrei-me da expectativa reinante durante toda a tarde de sexta, expectativa pelo sinal, pelo fim das aulas. Era como que o ápice da minha semana.
Senti reavivada em mim aquela sensação gostosa de dever cumprido, de que agora a obrigação tinha sido feita, eu agora podia fazer, simplesmente o que quisesse.
Foi como voltar todos esses anos e me encontrar de novo no portão da escola, depois de uma semana de aulas e trabalhos e sentir o frescor da liberdade. Como se uma leve brisa soprasse meu rosto e me lembrasse que eu estava livre. A brisa era o sinal de que agora o peso podia ser guardado um pouco, minhas costas tão pouco sofrida pelos simples fardos da infância podiam relaxar completamente.
Aquela brisa era, simplesmente, um sinal de liberdade. Liberdade essa que eu anseio até hoje. Liberdade de poder sair andando sem rumo, de poder falar e ninguém me mandar calar, liberdade de brincar, correr, ir pra casa e me deitar no sofá pra assistir desenho, liberdade pra tomar banho de bica, de ir pra casa de vó, de tia, dos amigos... Liberdade de experimentar, de flanar, de viver.
Ah como a vida era simples.

Divã.

Já estava com saudades disso aqui. Saudades do meu divã. Saudades da catarse, de colocar pra fora, de externar o que não me cabe no peito. E ultimamente, há tanto me prendendo o ar, tanta coisa me sufocando a voz. E aquilo que consigo dizer, normalmente sai em um esforço sobrehumano, misturado a um medo de dizer demais, de piorar tudo.
Sinto falta desse meu espaço, desse meu mundo, onde posso dizer o que sinto, expressar quem sou, me revelar em minhas mais elaboradas parábolas.
Essa sou eu, um alguém que precisa gritar e que às vezes impedida, socorre-se às palavras escritas como que arrancadas de dentro da alma, suspiradas como um último suspiro, saídas das vísceras.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Refletindo sobre os dissabores...

Quando a gente se dispõe a amar, (seja lá quem ou o que for) a gente se dispõe também a sofrer, a odiar, a arrepender-se.
Talvez fosse bem mais fácil, simplesmente não sentir, não se deixar envolver. Mas isso, para pessoas normais, com um coração e sentimentos não é tão fácil.
Junto com um coração disposto a sentir quase sempre vem uma enxurrada de medos, ansiedades e arrependimentos. Quem abre o coração para amar algo além do seu próprio umbigo está se dispondo à não ser amada, a ser traído, decepcionado, abandonado.
Seria muito fácil poder controlar sentimentos e suas reações. Seria fácil controlar o sentir, o viver. Mas nunca será fácil ordenar ao coração um amor, um amigo, um desejo, ou o contrário de todos eles. O coração ama sem pedir credenciais e desama sem esperar explicações.
Assim é a vida. Seria fácil vivê-la sem se expor a sentimentos e seus sabores e dissabores. Mas fácil não quer dizer bom, nem difícil ruim.
É difícil encarar decepções, traições, etc., mas essas coisas não fazem da vida algo ruim. Fazem dela algo que vale a pena.
Viver nem sempre é fácil, mas quando se descobre o real sentido da vida, pode-se ultrapassar qualquer barreira, simplesmente pelo fato de querer viver.