segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Olhos abertos para a fé


Na segunda reportagem da série sobre a China, o enviado especial de Christianity Today fala sobre a ação crescente dos cristãos no Gigante Asiático.

Com pouco mais de uma semana de viagem, eu me sentia supreendentemente confortável num país culturalmente tão diferente e desafiador quanto a China. Já havia aprendido a me comunicar com os motoristas de táxi, a andar de ônibus pelas cidades e – o mais impressionante – estava até conseguindo me virar nos restaurantes com menus escritos em mandarim. Uma noite, enquanto procurava uma igreja oficial, caí num bueiro destampado bem no meio de uma agitada área de compras da cidade de Taiyuan, na Província de Shanxi. Não me feri com gravidade, e quando levantei, sujo e com algumas escoriações, percebi que um grupo de pessoas formara um pequeno círculo ao redor de mim. Enquanto tentava explicar o que havia acontecido e para onde eu me dirigia, fui conduzido até um carro patrulha. O policial com quem falei ofereceu levar-me até a igreja, e assim o fez.
Este incidente propiciou-me um vislumbre do rápido crescimento da presença cristã naquele país. Viajei para a China com minha câmera fotográfica buscando ampliar minha compreensão sobre a situação do Cristianismo na mais populosa nação do mundo. E de lá retornei com a sensação de que o Espírito de Deus está movendo-se de uma maneira especial entre aquela gente. Quase todos os cristãos que conheci haviam se convertido nos últimos seis meses. Freqüentei tanto igrejas oficiais, que funcionam com a permissão do governo, quanto congregações domésticas clandestinas. Ao contrário do que freqüentemente somos tentados a pensar, as igrejas registradas não são comunidades apáticas ou subservientes ao governo socialista, mas congregações vibrantes e cheias de vida. Em relação às chamadas clandestinas, parece que a designação “igreja escondida”, pela qual por muito tempo foram conhecidas no Ocidente, já não se aplique hoje em dia. Ao contrário – cada vez mais os crentes têm saído à público e os recém-convertidos tendem a movimentar-se com liberdade entre ambos os grupos.
Como reflexo da transformação da economia chinesa, que já se ombreia com a das grandes potências mundiais, a sociedade chinesa está também passando por enormes mudanças. A crescente juventude de classe média está buscando um novo sentido para suas vidas, enquanto que as populações mais maduras anseiam por algo que preencha o vazio deixado pelo abandono das idéias marxistas. Durante a viagem, fiz minha primeira parada numa congregação doméstica em uma grande cidade da China central. Esta igreja havia nascido 15 anos atrás, na sala de estar de uma mulher que chamaremos de Yen. Ela ainda recorda a ligação de seus avós com missionários ingleses. Durante os anos de 1980, o interesse de Yen pela Bíblia cresceu grandemente, fazendo com que ela e sua família começassem uma reunião dominical em seu pequeno apartamento. Rapidamente, o grupo cresceu e, atualmente, Yen e seu marido são os pastores de uma igreja com 800 membros.
Nos domingos pela manhã, a congregação reúne-se no bem iluminado saguão de um imponente edifício público. Os encontros começam com cânticos. Eles então oram pelo governo, pedindo a Deus que conduza as autoridades à prática da justiça. No culto em que estive presente, nove dos muitos curiosos que se debruçavam sobre as muretas do andar de cima para observar acabaram se decidindo por Cristo. Após a reunião, os membros da igreja aproveitaram o domingo para visitar pessoas com debilidades físicas e mentais. É uma atividade comum para eles. Alguns dos membros da igreja chegam mesmo a adotar crianças especiais – algo raro e desafiador no contexto da cultura chinesa.

Refletindo Cristo – Mais tarde, passando pelas periferias de Pequim, visitei uma escola para filhos de trabalhadores migrantes, um segmento que tem crescido na proporção do avanço econômico do país. Só em Pequim, estima-se que haja 5 milhões de migrantes. O estabelecimento foi fundado e é dirigido por cristãos, assim como um orfanato. Embora as instalações fossem bastante modestas para os padrões europeu e americano, as crianças pareciam felizes e bem educadas. Na cidade, conheci ainda um jovem intelectual cujo passo inicial para a fé cristã foram as leituras do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. Ele hoje está envolvido com a preparação de livros sobre o Cristianismo para o mercado acadêmico. Um outro cristão que conheci, ativista de direitos humanos, trabalhava num caso que visa o estabelecimento da igualdade de tratamento de pessoas deficientes perante as leis chinesas.
Em outra conversa, troquei idéias com um influente economista que descreveu sua convicção de que a fé cristã servia como combustível para a inovação. Para ele, os valores do Cristianismo são um quadro de referência fundamental para a justa utilização dos recursos econômicos de uma nação. Na tarde de outro domingo, fui convidado a subir ao vigésimo oitavo andar de um arranha-céu no coração de Pequim. Ali, no escritório de uma agência de publicidade, jovens profissionais – todos cristãos – realizam cultos de louvor a Deus toda semana.
Há ainda muitas outras iniciativas de cristãos que têm provocado impacto na sociedade chinesa. Uma delas é o Serviço Sempre-Verdejante (Shanxi Evergreen Service), sediado em Shanxi. O curioso nome homenageia o missionário norueguês Peter Torjesen, morto durante um ataque japonês da Segunda Guerra Mundial. Apelidado carinhosamente de Folha Sempre-Verdejante, Torjesen é honrado como mártir pelas autoridades locais. Em 1990, Finn Torjesen obteve autorização oficial para dar continuidade ao trabalho missionário de seu avô. Desde 1993, o Serviço Shanxi Sempre-Verdejante tem conseguido algo quase impossível: é uma entidade oficial chinesa de orientação evangélica, reconhecida pelos serviços filantrópicos que realiza. A instituição ensina técnicas agrícolas a famílias camponesas e disponibiliza recursos para o desenvolvimento comunitário, a educação e o aconselhamento familiar. Comprometidos com a idéia de que o modo como os cristãos podem melhor servir à China é sendo abertos sobre sua fé, seus integrantes estão obtendo resultados bastante expressivos. O serviço resume sua missão em quatro palavras: “Servindo Shanxi, refletindo Cristo”.
(Tradução: Leandro Marques)

Famintos por Jesus
Benjamin (nome fictício) é pastor de uma rede de igrejas domésticas urbanas na China. Convertido ao Evangelho em 1993 numa igreja oficial, estudou num seminário nos Estados Unidos e, de volta a seu país, tornou-se um plantador de igrejas. Nesta entrevista, ele fala sobre os desafios do trabalho cristão na China:

CRISTIANISMO HOJE – As autoridades governamentais interferem nas igrejas domésticas urbanas?
BENJAMIN – Desde 2000, a China tem se tornado mais e mais aberta. O governo está ciente de nossa existência. O governo chinês mantém um olho aberto e o outro fechado para a Igreja. Existem propostas de medidas legais para limitar a ação das igrejas domésticas em determinadas regiões, como Shangai. Há cinco anos, medidas similares foram propostas por autoridades em Pequim, mas acabaram não sendo implementadas e o movimento está crescendo sem problemas na capital. Esta nova abertura é uma realidade que ninguém pode subestimar. O Senhor tem nos protegido.

Qual a receptividade dos chineses à pregação do Evangelho?
As pessoas na China estão famintas para aceitar a Jesus. O Espírito Santo já abriu os seus corações. Elas estão correndo para as igrejas. Quando você organiza um encontro evangelístico e pergunta quem deseja receber a Cristo como Salvador, várias pessoas levantam as mãos.

De que maneiras a Igreja está influenciando o país neste momento?
Muitos chineses julgam os cristãos como sendo dignos de confiança. Se eles desejam contratar um funcionário, ou uma babá para cuidar de suas crianças, preferem um cristão. Isso acontece porque os cristãos têm boa reputação aqui. Durante muitas crises provocadas por desastres naturais na China, as igrejas têm se envolvido no trabalho de assistência nas áreas mais carentes, inspirando até mesmo a ação por parte do governo. As igrejas têm tido uma grande influência através do exemplo de boa conduta e moral dos crentes.
Gary Gnidovic

FONTE: Cristianismo Hoje
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É muito bom saber que tantas pessoas têm percebido a importância do Evangelho. Fico maravilhada com os testemunhos de fé e vida de um povo tão sofrido, que muitas vezes têm sido perseguido por sua fé. Gostaria de que o Brasil aprendesse mais com a China, que os não-cristãos persebessem que Cristo é a solução e que os cristãos fossem cada dia mais fiéis e impactantes como os chineses.
Deus abençõe a China! Deus abençõe o Brasil.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Tu não forças a uma flor que se abra.
A flor a abre Deus.
Tu plantas, regas e a guardas.
O demais faz Deus.

Tu não obrigas a que a alma creia.
A fé a dá Deus.
Tu oras, trabalhas, confias e esperas.
O demais faz Deus.

Tu não obrigas a um amigo que te ame.
O amor o dá Deus.
Tu serves, ajudas, em ti a amizade arde.
O demais faz Deus.


Violeta Caballero

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Países perseguidos e a posse de Obama

Ontem, a mídia e os sites mais importantes da China cobriram ao vivo a cerimônia de posse de Barack Obama em Washington. Na internet, o discurso completo está disponível em inglês, mas a tradução chinesa eliminou passagens consideradas “incômodas” para o governo. Os censuradores atacam três trechos em particular, quando o presidente dos Estados Unidos menciona que “gerações passadas enfrentaram o facismo e o comunismo não com mísseis e tanques, mas com alianças vigorosas e convicções duradouras”. A frase inteira foi retirada da versão publicada pela agência estatal Xinhua e pela Netease, um site popular entre os usuários chineses. A segunda referência explícita de Obama aos líderes mundiais que “colocam a culpa das desgraças da sociedade no Ocidente” também foi omitida. O terceiro trecho obstruído pela censura foi quando ele falou sobre “aqueles que chegam ao poder através da corrupção, fraude e calam os discordantes”, que, segundo ele, escolheram o “lado errado da história”. Na China Central Television, o principal canal de TV nacional, a transmissão ao vivo era interrompida todas as vezes que Obama fazia referência ao comunismo. Nenhuma notícia sobre a posse de Obama veio da Coreia do Norte, onde a mídia nacional estava preocupada em cobrir a viagem do ministro à Guinea. O Irã também deu preferência a uma manifestação que aconteceu em Tehran em favor da população palestina. O jornal conservador Kayhan Daily chamou Obama de Sionista (alguém que apoia a repatriação dos judeus em Israel), e nuvens continuam a se juntar no horizonte das relações entre os dois estados, principalmente enquanto a questão nuclear do Irã continuar aberta. Não há nenhum comentário da junta militar de Mianmar, enquanto a oposição alimenta a esperança de uma posição concreta do novo presidente contra a ditadura militar que governa com punho de ferro. No Afeganistão, o Talibã, que alegava “não ter problemas pessoais com Obama”, alertou o presidente a “aprender lições com os soviéticos” e retirar as tropas do país, deixando aos afegãos a tarefa de “decidir o futuro da nação”. Na Rússia, o primeiro-ministro Vladimir Putin não escondeu seu ceticismo ao notar que “as mais amargas decepções normalmente resultam de grandes expectativas”. O presidente Israelense Ehud Olmert estava otimista, apesar de dizer que sob o governo de Obama, “iniciativas comuns serão tomadas para promover a estabilidade no Oriente Médio”. Na Indonésia, onde passou parte da infância, a posse de Obama foi recebida com comemorações e festas nas ruas, enquanto o presidente Susilo Bambag Yudhoyono previa que Obama “tem potencial para enfrentar a crise mundial”. A Tailândia também utilizou a medida financeira para examinar a nova administração americana. Enquanto isso, a Malásia pediu mais atenção para o “sudeste da Ásia”, há muito tempo ignorado por seu antecessor. Especialistas em política na Índia encorajaram Obama a continuar “no caminho do diálogo”, já deixado de lado pelo governo Bush.

Tradução: Deborah Stafussi
Fonte: AsiaNews
Portas Abertas

Evangelho social é “Marxismo em roupas Cristãs”, diz o Pastor Rick Warren


O pastor Rick Warren, autor de sucesso e activista social, descreveu o evangelho social que é apoiado por muitas das principais igrejas como “Marxismo em roupas Cristãs.”
“Nós não precisamos de nos importar com a redenção, a cruz, o arrependimento. Tudo o que precisamos de fazer é recuperar as estruturas sociais da sociedade, e se fizermos melhor essas estruturas sociais o mundo tornar-se-á num lugar melhor,” explicou Warren descrevendo as crenças que estão por detrás daqueles que defendem o “evangelho social,” na sua entrevista com a Beliefnet.com, publicada na Segunda-feira.
“Realmente, em muitos aspectos, era apenas Marxismo em roupa Cristã,” criticou ele. “Estava em voga nessa altura, que se redimíssemos a sociedade, então o homem iria automaticamente melhorar. Não tratava do coração.”
Warren, reconhecido como um dos Cristãos mais socialmente activos do mundo, não conteve as suas críticas àqueles que se dizem Cristãos, mas procuraram tornar o mundo um lugar melhor, incidindo sobre o corpo - as questões da pobreza, da doença, a justiça social e racial - e não a alma.
Mas ele também discordou com os seus homólogos – Cristãos que ignoram completamente o corpo e apenas cuidam da alma e da moralidade pessoal.
“Quem está certo? Bem, na minha opinião eles estão ambos certos,” concluiu Warren. “Parte do meu desejo enquanto líder é trazer de volta essas duas asas juntas. Acho que precisamos de ambas.
“Eu acho que é muito claro que Jesus cuidou não só do corpo mas também da alma. Ele preocupou-se não só com questões pessoais mas também sociais e acho que elas são ambas importantes, mas tem havido esta separação.”
Historicamente, os evangélicos foram líderes no que diz respeito a mudar a sociedade, salientou Warren. Os evangélicos estiveram na linha da frente na abolição da escravatura, com pastores liderando esse movimento. Foram também os evangélicos que estiveram na vanguarda reclamando o direito de voto das mulheres e protestando contra leis laborais infantis.
“Esse é o meu trabalho. Tenho de reavivar o que eu chamo de Evangelicalismo do século XIX,” disse Warren, notando que o Protestantismo se dividiu no século XX com os principais grupos Protestantes do lado do evangelho social, e evangélicos e fundamentalistas enfatizando a moralidade e a salvação.
O pastor evangélico realçou que os principais grupos têm “morrido,” lembrando que as principais denominações têm estado em declínio há 40 anos, enquanto os carismáticos e os evangélicos têm continuado a crescer.
“Há mais Muçulmanos na América do que Episcopalianos,” destacou Warren. “Há menos de 2 milhões deles (Episcopalianos).”
Para além do evangelho social, a entrevista de Warren com a Beliefnet também abrangeu temas como as opiniões negativas em relação ao Cristianismo, os problemas humanos e o plano de Deus, o casamento homossexual e o divórcio, e a política da administração Bush sobre tortura.


Fonte: Christian Today Portugal


http://noticias.gospelmais.com.br/


A Globo e os evangélicos

Nos últimos tempos com um olhar um pouco mais atento pode-se notar a avalanche de programas e, especialmente, novelas que trazem certa influência cultural estrangeira. Em "Negócio da China" muito se fala do Kung Fu e dos benefícios da meditação, além de afirmar a possibilidade da projeção (a técnica que faz uma pessoa se projetar à outro lugar mentalmente); a nova "Caminho das Índias" enfoca muito a religião indiana, com seu panteão de deuses, seu horóscopo e suas crenças. O mais interessante é que tudo parece tão lindo e perfeito que parece fugir à realidade. O rio Ganges mostrado na novela nem parece que têm sido despejo de esgotos, pesticidas e cadáveres. A pobreza tão acentuada na Índia nem é lembrada. É incrível a capacidade da mídia de exaltar qualidades e mascarar problemas. Não me entendam mal, não desprezo a cultura e muito menos o povo chinês ou indiano. Mas o que me traz problemas é como a mídia brasileira usa esses povos e suas culturas como meio de propaganda enganosa de rituais religiosos e, por que não dizer, de perseguição religiosa. Essas programações são, sem nenhuma sombra de dúvidas, uma maneira de disseminar a cultura oriental, suas religiões e preceitos. Mas lembro-me muito bem de uma polêmica que aconteceu ano passado em torno de cenas da novela "Duas Caras", nas quais cristãos evangélicos foram mostrados como perseguidores violentos e enlouquecidos que ameaçam linchar uma mulher grávida e dois homens que viviam em um triângulo amoroso. Evangélicos são assim: sempre chatos, perseguidores, muitas vezes hipócritas e mentirosos. Esse é o retrato que a Globo faz de nós. Eles realmente gostam muito de enaltecer as seitas orientais, o Espiritismo (que o digam as novelas "Alma Gêmea" e "O Profeta") e a idolatria católica ("A Padroeira"), mas quando se fala de evangélicos a Globo rapidamente trata de criar estereótipos, tratando-nos como ultrapassados, bitolados e levando ao povo a idéia de que cristão não tem cultura, não pensa e é fanático religioso. Minha resposta para a Globo e para todos aqueles que se perguntam por que ser cristão é a seguinte: ninguém nunca me obrigou a ser cristão, não confesso Deus por medo do inferno, creio nEle porque tenho olhos: vejo a grandiosidade de sua criação (afinal, é bem mais fácil crer que tudo isso foi criado do que crer que é fruto de uma explosão); creio nEle porque sei das outras opções e nenhuma delas me impressionou tanto quanto Ele; creio nEle, justamente porque penso, não me obrigo a declarações e descobertas alheias, eu tenho as minhas próprias experiências, eu conheço meu Deus. Um Deus que não precisa ser moldado por mãos de homem, um Deus que não me obriga à cenas vexatórias em troca de seu favor, um Deus que não precisa de outros para lhe somar forças, um Deus que mesmo muitos tendo tentado matá-Lo e até decretado Sua morte Ele vive eternamente aqui no meu coração, na vida que Ele deu ao mundo e em Sua própria natureza.

Timaretha Alves de Oliveira

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ininteligíveis

Estou aqui, sem lugar para pôr os pés;
sem entender ao certo quem sou
e sem saber ao menos onde estou,
a sobrevoar o mundo em meus pensamentos
e sem encontrar um lugar para me encaixar
sou como uma estranha à tudo e à todos.
Que mundo é esse, quem são essas pessoas?
Sou curiosa, e fui instigada: preciso de explicações.
Expulsaram-se de meu mundo, mas nem sei qual é meu mundo.
Quem são esses estranhos?
Esse mundo não me entende.
Ainda bem, pois a recíproca é verdadeira.
Não entendo essa gente, seus atos me pertubam.
Porque agem assim, como animais?
Porque tanta guerra, tanto horror?
Através de que véu eles enxergam?
Eles não entenderam nada...
Tentaram matar meu herói, crucificaram-no.
Amaram os vilões e abandonaram os mocinhos.
Definitivamente, não entendo...
Julgamentos por padrões tão opostos, resultados tão diversos.
Odeio muito do que esse mundo criou, não entendo seus pensamentos.
Não suporto seus entendimentos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

FILOSOFIA DO DIREITO - FILME TEMPO DE MATAR

Uma criança de 10 anos é espancada e cruelmente estuprada por dois homens brancos. Carl Lee Hailey, pai da menina, como prevendo a não punição dos dois homens, faz justiça com as próprias mãos, matando os dois homens. Normalmente, um pai poderia contar com alguma simpatia do júri nessas circunstâncias. Porém, Carl é negro, todos os jurados são brancos e os eventos acontecem no Sul dos EUA, tradicionalmente racista, especialmente após a abolição da escravatura no país. Para piorar as coisas, a Klu Klux Klan local ganha força novamente, perseguindo o advogado de defesa (Jake Brigance). Em um julgamento que parece andar para uma decisão imparcial, Jake consegue uma reviravolta e vence o caso, libertando Carl Lee.
O contexto histórico do filme mostra o sul norte-americano, numa época onde os negros eram marginalizados e o racismo imperava nas relações sociais. Grupos como a Klu Klux Klan utilizavam, alguns preceitos do pensamento nazista como a idéia da raça ariana e da superioridade dos brancos em relação aos negros e judeus em uma espécie de guerra civil ou apartheid entre brancos e negros. Quando eclodiam movimentos negros, a KKK realizava uma série de atentados para tentar conter as idéias de igualdade étnica. A idéia da superioridade branca já estava encravada na cultura dos norte-americanos.
Analisando o contexto e os detalhes do filme, podemos perceber os problemas que cercam a busca pela justiça e uma carreira jurídica.
Faremos uma análise das questões abordadas no filme, buscando sempre recorrer à Filosofia Jurídica, com temas como a função social do Direito, moral, justiça e outros.

FUNÇÃO SOCIAL DO DIREITO
No filme podemos perceber um contexto social bastante relevante para o Direito. À época a sociedade americana vivia em guerra entre princípios de diferentes classes sociais. O Direito surge de necessidades sociais, com a função de ordenar a sociedade em torno de um agrupamento de normas. Essas normas não são apenas regras a serem seguidas, mas fruto das necessidades da sociedade em que nascem. No Direito Penal, o princípio da adequação social, não considerada típicas as condutas que se movem por completo dentro do marco de ordem social normal da vida, por serem consideradas socialmente toleráveis, ou seja, só se fazem necessárias leis que tenham alguma relevância social.
O direito é, em geral, configurado, por interesses e necessidades sociais, ou seja, é produto de um contexto sociocultural. Isto, porém, não impede que o mesmo possa influir sobre a situação social, assumindo um papel dinâmico, nesse caso o Direito apresenta-se como uma ferramenta que permite “construir” (e mudar) a sociedade.
No caso do filme analisado, temos como problema: o racismo e a intolerância racial, que lesiona princípios e direitos fundamentais, além de promover um mal-estar social. O Direito assumindo sua função social não pode sustentar o racismo, mas apontar soluções para a resolução do problema. No filme, vê-se de um lado um promotor partidário e imparcial, mostra a possibilidade de julgamentos tendenciosos, nos quais a busca da verdade nem sempre é o norte a perseguir. O “atrevimento” ou ousadia de Jake personifica a busca por mudanças estruturais na sociedade, enxergando e tentando mostrar que estruturas postas podem ser destruídas pelo Direito. Até então, a justiça se esquivava dessas questões, como no caso dos estrupadores que, certamente, seriam absorvidos.


A FUNÇÃO DO ADVOGADO
Por imperativo constitucional "o advogado é indispensável à administração da justiça" (CF/88, art. 133), dessa forma a função social do advogado é procurar de todas as formas a justiça.
A vocação do advogado ditada por Rui Barbosa, em sua "Oração aos Moços", começa com a seguinte declaração: "Legalidade e liberdade são as tábuas da vocação do advogado.” Nelas se encerra, para ele, a síntese de todos os mandamentos. Legalidade, porque o advogado deve ser respeito à lei e à justiça, por outro lado, deve ser livre para exercer suas atividades sem interferência e, portanto, imparcialmente.
Em certo ponto do filme, o ex-professor de Jake diz: “Não posso te prometer riqueza. Só posso te prometer a chance de salvar o mundo, caso por caso”. Nessa declaração entendemos o porquê de Jake ter, por tantas vezes insistido no caso mesmo contra pressões advindas de todas as partes. Mesmo não ganhando o devido pelo trabalho, ele aceita o risco de defender um negro naqueles tempos turbulentos. Sendo o Direito um instrumento de transformação social, os juristas ou operados do Direito têm “nas mãos” um poderoso instrumento para lutar por melhorias no seio da sociedade e por justiça, o alvo do Direito.

JUSTIÇA LEGAL X JUSTIÇA ÉTICA
“Se você perder esse caso a justiça ganhará, se você perder a justiça ganhará também”, essa é uma frase proferida no filme com relação ao caso de Carl Lee. Nela fica aparente o conflito entre a lei e a ética. A norma jurídica, por definição, deve ser justa, mas isso não acontece sempre, umas são totalmente injustas, outras tornam-se injustas quando aplicadas à um determinado caso (como o homicídio para Carl Lee). Como forma de aplicar justiça ao caso concreto, deve-se interpretar as leis de acordo com valores éticos e individuais. Nem sempre os casos se enquadram perfeitamente ou com justiça aos tipos legais. No caso de Carl Lee, por um lado seria justa a pena, pois a lei estabelecia isso; mas analisando axiologicamente o caso seria injusto puni-lo pela defesa de um valor individual e coletivo.

VALORES E DIREITO
O filme, como já sabido, mostra a história de um homem que desacreditado da justiça formal, recorre á sua própria justiça (ou vingança). Mas o ponto central é o seguinte questionamento: um homem na situação de Carl Lee deveria ser punido por impor justiça a dois estrupadores e torturadores?
Primeiro, o sistema jurídico falha no momento em que permite que criminosos saiam ilesos, sem sofrer nenhuma sanção penal, proporcionando-lhes mais oportunidades de ferir outros bens jurídicos e direitos. Em um sistema corrupto e parcial a idéia que se tem é que sempre haverá formas de burlar a lei.
Carl Lee foi apenas um inconformado que assumiu a função de fazer justiça, lutando pelos seus valores.
O mais forte agravante do caso é o conflito entre negros e brancos: uma sociedade racista julga um negro que matou dois brancos. Os valores racistas estavam de tal forma fixados na sociedade que eles julgavam Carl Lee, como que julgando um animal, sem direitos ou defesa.
Carl Lee não era um criminoso qualquer, ele era um homem que vira sua filha sofrer tão grande tortura, e que abalado, movido por um sentimento de revolta e busca de justiça assassinara os verdadeiros criminosos da história. Apesar dos valores humanos que sempre optam pela busca da justiça, aquela sociedade (representada pelos jurados) tinha valores desconfigurados devido à cultura racista que dominava a todos.
O último artifício de Jake para vencer o caso foi a retórica: ele pede que fechem os olhos e narra o estupro da filha do réu, passo a passo, com impressionante riqueza de pormenores. Quando da conclusão de sua fala, pede que imaginem que a menina violentada é branca e em seguida ordena que abram os olhos.
A idéia que se passa é que os jurados condenariam Carl Lee por ser negro, o que nem mesmo o fato de uma menina ter sido estuprada poderia vencer. A idéia de uma menina branca na mesma situação e vingada por seu pai parece quebrar todos os preconceitos e antecedentes, inocentando Carl Lee. Jake faz com que os jurados deixem de olhar o caso através de uma lente chamada racismo e os faz enxergar com seus valores mais puros.

"Que parte nossa busca a verdade? Nossa mente ou nosso coração? Eu quis provar que um negro podia ser julgado com justiça no sul... que somos todos iguais aos olhos da lei. Não é verdade, porque os olhos da lei são humanos. Os de vocês e os meus. E até podermos nos ver como iguais, a Justiça nunca será imparcial. Ela continuará sendo um reflexo de nossos preconceitos. Até lá, temos o dever, perante Deus, de buscar a verdade. Não com nossos olhos, com nossas mentes, porque o medo e o ódio fazem surgir o preconceito do convívio, mas com nossos corações, onde a razão não manda"...


Timaretha Alves de Oliveira


quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Luta nossa de cada dia

E não fácil enfrentar essa vida, não é mesmo.
Há leões, cobras e dragões por aí,
e monstros em todos os corações humanos.
A arte mais invejável é a arte de saber viver.
Pois além de ser uma guerra, a vida é longa.
Os ferimentos custam a sarar, a dor é inevitável.
As minas e armas estão por toda parte.
Mas a vida também é caminhada,
há vales profundos, florestas tenras,
mas podemos chegar em rios, altas e verdes planícies.
Se escutamos o que não queremos,
outras vezes nossos ouvidos encontram
tudo o que precisávamos ouvir.

Como disse, há leões, monstros e dragões,
mas existem abraços, beijos,
existem pessoas que roubam parte de nosso coração
e o guardam em segurança.

Afinal de contas os ferimentos, dores e lágimas valem a pena
quando encontramos pessoas especiais
que podem com simples palavras mudar a expressão do nosso rosto.


Feliz 2009 e que você encontre muitos motivos para sorrir.

Já não te vejo

Onde você está? Ainda está por aí?
Por que já não te vejo mais,
E não sei em que ponto te perdi de vista.
Você foi por muito tempo, meu chão.
Era parte de mim, meu sorriso aberto.
E hoje, já não sei o que foi real,
ou o que foi fantasia.
Será que te criei em meus sonhos?
Bem que parecia ser muito surreal.
Se é que existe mesmo,
onde você foi parar?
Porque já não te vejo,
meus olhos passeiam te procurando,
mas não te acham.
Já escalei montanhas,
entrei em cavernas a tua procura, e nada.
Juro que não te incomodarei,
só apareça para que eu saiba
que não me alimentei de mentiras.

Os versos que te fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Florbela Espanca