segunda-feira, 30 de maio de 2011

Desacumulando.

Eu sempre tive a infeliz mania de acumular coisas velhas, talvez inúteis, mas que nunca pude me livrar delas, pois na minha cabeça sempre vem o questionamento: "e se um dia eu precisar?". Minhas gavetas são cheias de papéis velhos, armários lotados de roupas velhas, produtos que não uso e apostilas antigas. Meu computador está lotado de arquivos sem nenhuma utilidade, são músicas, textos, vídeos que talvez nunca mais volte a ver, mas eles estão lá. Me é quase impossível excluí-los.
Com o tempo percebi que não são só coisas velhas que acumulo. Gosto de guardar sentimentos e pessoas. Vivo remoendo as lembranças, as histórias, as dores e as alegrias. Tenho medo de perder pessoas, de esquecer sentimentos.
Falta-me coragem para excluir sentimentos que por vezes me fazem mal, mas como uma droga, proporcionam certos momentos de prazer. Falta-me coragem pra dizer que cansei da superlotação e dar, definitivamente, um jeito nessa situação.
Preciso de uma faxina, no quarto, no computador, mas a maior de todas tem que ser no coração, na mente, na alma. Preciso me livrar de tudo que me atrasa, me prende, me dói, me aprisiona.
Deus, dai-me coragem pra seguir em frente, pra deixar de olhar pra trás, pra abrir meu coração pra novidades, pra olhar pro futuro. Pai me ajuda a não temer o novo, o desafio, a desafiar a mesmice e seguir em frente, mesmo a par de tudo que estarei excluindo da minha vida. Ajuda-me a viver sem aquilo que me faz bem, com doses exorbitantes de sofrimento.

Minhas Saudades

Estou mergulhada em saudades. Saudades de amigos distantes, saudades de tempos passados, saudades de sentimentos antigos.
Estou com saudades dos velhos tempos, daqueles que lembrados, sempre rendem um suspiro e a frase "eu era feliz e não sabia".
Sinto saudades de quando as coisas eram mais simples, mais sinceras, mais verdadeiras. Saudades do tempo em que confiava nas pessoas, em que não perdia o sono de tristeza ou preocupação.
Saudades do tempo em que os quilos a mais não incomodavam, em que os amigos falsos não machucavam. Saudades do tempo em que não tinha problemas a resolver, em que não me consumia de ansiedade.
Saudades da esperança (nas pessoas) que eu perdi nas mágoas que me impetraram.
Saudades do quintal, da bica, da bicicleta, dos brinquedos.
Saudades das risadas, das besteiras, dos abraços, das discussões bobas.
Saudades de você, de mim, do meu mundo e da simplicidade dele.
Enfim, sou Saudade!

domingo, 22 de maio de 2011

Meu medo!

Talvez eu seja só mais alguém que tem uma infinidade de conselhos a dar e nenhuma coragem para aplicá-los a si próprio.
Talvez eu seja só alguém que demonstre uma estabilidade irretocável, mas que por dentro não sabe nada sobre si mesma.
Um alguém que finge coragem, mas que nunca aprendeu a tê-la de verdade.
Alguém com aparência e discurso fortes, determinados, mas que arria-se de joelhos, vencida diante do medo.
Talvez eu seja somente alguém que só sabe admirar, sonhar, desejar, mas que não sabe nada sobre lutar.
Alguém que tem o mundo ao seu alcance, mas que se encolhe de medo e por isso nem chega a tocar nele.
Talvez eu seja só mais uma menina que finge superioridade, fortaleza, mas que por dentro se quebra em pedacinhos. Sofre a perda calada por temer incomodar com seu grito de desespero.
Talvez eu seja o que sempre tive medo de ser, talvez eu não seja por temer ser, talvez eu só seja por temer ser, talvez eu nunca seja o que temi ser.
Talvez eu seja aparência, talvez eu seja desespero, talvez eu seja medo.
Talvez eu seja somente mais uma que todos admiram, mas que não se admira por se conhecer melhor que ninguém.
Mas, certamente, agora eu sou só alguém que se arrepia com um frio súbito na espinha, um temor que embarga a voz, alguém a temer o medo com todo o pavor possível.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Não pare de remar!

Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.
Caio Fernando de Abreu

My way - Meu Jeito (Frank Sinatra)

E agora o fim está próximo
Então eu encaro o desafio final
Meu amigo, Eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza

Eu vivi uma vida que foi cheia
Eu viajei por cada e todas as rodovias
E mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Arrependimetos, eu tive alguns
Mas então, de novo, tão poucos para mencionar
Eu fiz, o que eu tinha que fazer
E eu vi tudo, sem exceção

Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
Oh, mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Sim, teve horas, que eu tinha certeza
Quando eu mordi mais que eu podia mastigar
Mas, entretanto, quando havia dúvidas
Eu engolia e cuspia fora

Eu encarei tudo e continuei de pé
E fiz do meu jeito

Eu amei, eu ri e chorei
Tive minhas falhas, minha parte de derrotas
E agora como as lágrimas descem
Eu acho tudo tão divertido

Em pensar que eu fiz tudo
E talvez eu diga, não de uma maneira tímida
Oh não, não, não eu
Eu fiz do meu jeito

E pra que serve um homem, o que ele tem ?
Se não ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de alguém que se ajoelha

Os registros mostram, eu recebi as pancadas
E fiz do meu jeito.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O que importa...

Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem não aposta. Como quem brinca somente.Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Sonha que é de graça.Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Sonhos, se realizam, ou não.Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só.

[Menina Flor, Boabagens da Alma]

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Como?

Como faz para apagar memórias, sentimentos e sensações?
Músicas inteiras em minha cabeça.
Gestos, impressões, admiração?
Olhares, sorrisos, palavras?
Eu preciso esquecer tudo. Não queria que fosse necessário,
queria poder lembrar e sorrir sempre que lembrasse.
Mas essas lembranças só dóem.
É dor que desatina sem doer,
Contentamento descontente.
Sufoca como se me tivessem tirado o ar e me sobe um desespero.
Uma agonia!