sábado, 14 de setembro de 2013

Mentira tem perna curta

Eu passei minha vida inteira tentando ser sincera com as pessoas, sempre odiei mentiras e tentei o máximo que pude ser honesta com todos ao meu redor. Nunca aprendi a mentir bem, nunca soube enganar as pessoas.
Não. Isso não um texto em exaltação ao meu ego... você vai entender logo mais.
Enfim, eu sempre prezei pela verdade, ainda que me custasse algo.
Mas hoje fiz uma triste constatação: eu, apesar de tentar não mentir aos outros, passei minha vida inteira enganando a mim mesma, me sabotando.
Em alguns casos, eu simplesmente, menti para mim sobre sentimentos importantes por pessoas difíceis; outras vezes eu vivi de sentimentos completamente inexistentes, porém fáceis. Eu sempre me iludi com as facilidades.
Eu menti mais, menti dizendo que não era por causa das opiniões das pessoas, menti tentando me fazer crer que era uma decisão minha, que eram meus sentimentos, quando na verdade, era tudo uma tentativa descabida de agradar quem nunca viveu um dia na minha pele, quem nunca sentiu um dos meus mais simples sentimentos, quem nunca derramou, sequer uma das minhas lágrimas.
Eu me escondi muitas vezes, me aprisionei, me fechei tentando não sair do padrão que eu pensava haverem desenhado para mim.
E a cada dia tudo que eu fazia era me instalar num triste sistema de negação e fuga da realidade, e consequentemente, abandono da felicidade.
Levei, confesso, vários tapas na cara, mas acho que nenhum me fez acordar tanto quanto um último: "Minha amiga, você já perdeu tanta coisa por medo do que as pessoas podem pensar...". E eu comecei a trazer a memória tantas coisas que perdi, coisas que nem essas corajosa amiga sabe; coisas que a maioria dos que me conhecem, sequer sonha.
Essas coisas talvez não façam hoje tanta falta, mas pesa sobre mim a vergonha pela enorme covardia em que vivi por tanto tempo. Por muito tempo me consolei com a história de que "não era para ser". É, talvez não fosse, acho que realmente não era... mas se não foi, uma hora, alguma coisa haveria de ser. E ai me vem a pergunta de 1 milhão de dólares: "Será que eu seria capaz de abandonar a covardia nesse momento?"
Se tudo continuasse como dantes, certamente a resposta seria "Não", mas depois de alguns tapas na cara da vida (alguns através dos discursos atenciosos de preciosos amigos), eu simplesmente, decido não me enganar, não mentir pra mim, não tentar esquecer o que é inesquecível, não desistir do que pode vir a ser minha maior alegria. Decido me permitir ser o melhor que eu puder pra mim mesmo, decido me permitir chocar o mundo ao meu redor se necessário, decido escolher ser feliz e não necessariamente, fazer sentido.

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