Há uma boa chance de que a vida da iraniana condenada à morte por adultério seja salva, disse o chefe do Conselho de Direitos Humanos iraniano, em entrevista a TV exibida nesta segunda-feira.
Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43, foi inicialmente condenada à morte por apedrejamento e é acusada também de ter ajudado a planejar o assassinato do marido.
A sentença de apedrejamento foi suspensa neste ano após várias críticas de grupos de direitos humanos terem levado a forte pressão internacional sobre o Irã. Mesmo assim, Sakineh ainda pode ser executada.
"O Conselho de Direitos Humanos iraniano ajudou bastante a reduzir a sentença dela, e achamos que há uma boa chance de a vida dela ser salva", disse o secretário-geral do conselho, Mohammad Javad Larijani, à TV iraniana em língua inglesa Press TV. Ele não deu mais detalhes.
Segundo a lei islâmica, em vigor no Irã desde a revolução de 1979, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, e crimes como assassinato, estupro, roubo a mão armada, apostasia e tráfico de drogas são todos punidos com a morte.
Ainda este mês, os EUA condenou os planos anunciados de executar Sakineh. O Reino Unido alertou o Irã contra ir em frente com a punição, e a França pediu ao país para perdoá-la.
O caso piorou as relações entre o Irã e o Ocidente, já seriamente crise diante da negativa iraniana de suspender seu programa de enriquecimento de urânio.
Os EUA e as potências ocidentais acusam o Irã de querer desenvolver armas nucleares, mas Teerã afirma que seu programa nuclear tem fins meramente pacíficos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo a Sakineh em julho, levando a uma constrangedora recusa pública da oferta pelo Irã, que disse que Lula é "uma pessoa humana e sensível", mas não tinha conhecimento de todos os fatos.
O grupo de direitos humanos Anistia Internacional (AI) disse que Sakineh foi considerada culpada em 2006 de ter um "relacionamento ilícito" com dois homens, e recebeu 99 chibatadas como sentença.
Segundo a AI, apesar disso, ela foi depois considerada culpada de "adultério quando estava casada", o que teria negado, e foi sentenciada à morte por apedrejamento.
A Anistia listou o Irã como o segundo país do mundo com mais execuções em 2008, depois da China, e disse que Teerã matou ao menos 346 pessoas em 2008.
As autoridades iranianas rejeitam as alegações de abusos de direitos humanos, dizendo que apenas seguem a lei islâmica.
CASO SAKINEH
Em 2006, Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43, foi condenada duas vezes à pena de morte por dois tribunais diferentes de Tabriz (noroeste do país) em dois processos distintos, acusada de participação no homicídio do marido e de ter cometido adultério, em particular com o suposto assassino do marido.
Um ano depois, a pena de morte por enforcamento pela participação no homicídio do marido foi comutada por dez anos de prisão por uma corte de apelações, mas a execução por apedrejamento foi confirmada por outro tribunal de apelações no mesmo ano.
Em julho deste ano, sob forte pressão internacional, Teerã anunciou que a condenação à pena capital havia sido suspensa e que o caso estava sendo reexaminado Desde então, o caso volta à imprensa ocasionalmente com declarações de oficiais iranianos. O destino efetivo de Sakineh, contudo, continua sob questionamento.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/834551-chefe-de-direitos-humanos-no-ira-diz-que-ha-boa-chance-de-sakineh-ser-salva.shtml
2 comentários:
Voce Voltou !!!! Voce voltou !!!!
Pois é Rodrigo... tô voltando. rsrs
Valeu pela presença constante por aqui.
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