segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Paradoxo

Sou saudosista.
Tenho saudades de pessoas e momentos.
Tenho saudades de lugares, dos dias que passaram, das conversas informais, das pessoas que estão longe e as vezes até das que estão perto.
Não consigo me conformar com as coisas que o tempo levou de mim, simplesmente não sei perder coisas que foram tão importantes.
Sinto falta dos abraços que a distância separou, das conversas que o tempo já não permite, das brincadeiras, risadas e confissões que a vida se encarregou de não mais permitir.
Queria poder estender os braços e agarrar tudo aquilo que me é precioso, não gosto de distâncias... não gosto de separações.
Quero proximidade, aconchego, quero de novo tudo aquilo que o tempo me roubou, quero de novo aqueles abraços, quero conselhos, quero aquelas palavras.
Quero poder sentar naqueles velhos bancos, quero minha velha bicicleta, quero voltar pro colégio, quero meus antigos amigos, quero todas aquelas emoções tão amarga ou docemente sentidas.

Também sou sonhadora.
Vivo o hoje pensando sempre no amanhã.
Às vezes me perco nas ruas em outros países e quando dou por mim estou no meu velho quarto.
Sonho com os lugares que ainda, um dia, talvez, irei conhecer e fico imaginando como será minha reação.
Surpreendo-me com a minha capacidade de acumular sonhos, de voar e pousar em tantos tempos e lugares.
Pergunto-me como conseguirei viver tudo que sonho, ou o que desejo.
E a indignação toma conta de mim, afinal parece que não terei tempo de realizar metade do que sonho. Amarga constatação.

Sou um paradoxo. Admito.
Como alguém pode ser tão saudosista e sonhadora ao mesmo.
Normalmente, quem se prende ao passado, não consegue ver nada a sua frente.
Quem muito vê à frente, não lhe importa o passado.
Constato, então, que não sou saudades, nem sonho.
Sou contradição.
E o pior de tudo, talvez seja mesmo uma enorme perda de tempo.
Afinal, o quanto tenho aprendido com minhas saudades?
O quanto tenho lutado por meus sonhos?

Um comentário:

@shbel disse...
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