Ela acreditava em contos de
fadas, e por acreditar eles se tornavam realidade. Vivia rodeada de fadas,
príncipes encantados, bruxas más, cinderelas, lobos-maus e ogros. Com o tempo
ela foi se desencantando dos príncipes encantados, se decepcionou com as
cinderelas e fadas, rompeu com os súditos e com a realeza e fez-se não mais
princesa. Saiu do castelo, atolou os sapatinhos na lama,
molhou os cabelos na chuva, dormiu sozinha na floresta, conheceu pessoas além
daquele mundinho, decepcionou todo aquele mundo, mas continuou sujando os pés
na lama, molhando os cabelos na chuva, dormindo sozinha na floresta, pois isso
a fazia sentir liberta, livre dos estereótipos, dos quadros em que a haviam
posto, tudo isso lhe dizia aos ouvidos: você pode ser quem quiser, inclusive
você mesma!
Então ela não precisou ser a
princesa salva da morte pelo príncipe encantado; nem tampouco a plebeia que
conquistou o príncipe; ou a princesa que achou graça ao lado do ogro; ou ainda
a que se apaixonou pelo lobo-mau.
Ela dizia que muitas histórias já
haviam sido escritas e que não precisava se enquadrar em nenhuma delas; ela
queria uma nova história, ainda que com príncipes, ogros ou lobos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário