
Já passei muito coisa nessa vida, mas agora passo por um tempo nunca antes experimentado. Estou me renovando, eu sei, mas isso não tira toda a dor desse processo, como a águia, estou no alto de um penhasco, sintindo-me sozinha, com o corpo e a alma afadigados, querendo simplesmente ficar alí, nada mais!
Mas a renovação é necessário, e segundo o que contam, para a águia ela é dolorosa por demais. Está sendo para mim também. Arrancar o bico, as garras e tirar pena por pena não é fácil. E o mais doloroso: esse processo me deixou desprotegida, já não tenho nada a me agarrar, ou como me agarrar, sinto frio e meu corpo inteiro sangra. Pior: estou sozinha, ninguém pôde parar a sua vida para me acompanhar em minha jornada.
Falando em parar a vida, é assim que me sinto: como se tivesse abandonado tudo, por cansaço, desespero, sabe-se lá, mas é fato que abandonei.
Por outro lado, parece que no alto desse penhasco me isolei em algo que não é vida, está tudo tão parado, afinal, minha vida agora se resume a esperar as penas e garras crescerem, me dando condições de viver novamente.
Dói tanto, dói tudo. Mas uma coisa ainda funciona (e bem) em mim: meus olhos. Daqui de cima eu posso ver longe, posso ver todo o horizonte e tudo que me espera, minha visão ainda funciona e me dá forças para sonhar.
Sei que em breve o renovo se completará e então poderei voar de novo, alçar grandes alturas, "subir com asas como de águia, voar e não se cansar".
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